Apple transportou 1,5 milhão de iPhones da Índia para os EUA para escapar de tarifaço, diz agência

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Cerca de seis jatos cargueiros com capacidade de 100 toneladas foram utilizados a partir de março, segundo fontes. Objetivo era fugir das altas taxas que Donald Trump impôs ao país asiático quando anunciou o tarifaço, semana passada.

Apple fretou seis aviões cargueiros para levar iPhones aos EUA — Foto:  HAL9001/Unsplash
Apple fretou seis aviões cargueiros para levar iPhones aos EUA — Foto: HAL9001/Unsplash

A Apple fretou aviões cargueiros para transportar cerca de 1,5 milhão de iPhones, ou 600 toneladas, da Índia para os Estados Unidos, após aumentar a produção no país asiático para evitar o ‘tarifaço’ do presidente Donald Trump, disseram fontes à Reuters.

Cerca de seis jatos cargueiros com capacidade de 100 toneladas foram utilizados a partir de março. Um deles partiu nesta semana, exatamente quando as novas taxas entraram em vigor, segundo a fonte e um funcionário do governo indiano.

O peso embalado de um iPhone 14 e seu cabo de carregamento é de cerca de 350 gramas, segundo medições da Reuters, totalizando cerca de 1,5 milhão de iPhones para uma carga total de 600 toneladas.

A Apple e o Ministério da Aviação da Índia não responderam a um pedido de comentário feito pela agência.

Analistas alertaram que os preços de iPhones nos EUA poderiam aumentar, dada a alta dependência da Apple das importações chinesas. Principal centro de fabricação dos dispositivos, a China está sujeita à maior sobretaxa de Trump, de 125%, anunciada nesta quarta (9).

A sobretaxa é muito maior que os 26% de imposto de importação cobrados de produtos indianos quando os embarques ocorreram. Nesta quarta, Trump suspendeu por 90 dias o programa de tarifas recíprocas e reduziu para 10% as tarifas de importação contra países, exceto a China.

Segundo uma das fontes próximas da estratégia logística da Apple, a empresa queria “driblar a tarifa” de Trump ao despachar os iPhones da Índia para os EUA de avião.

A empresa também teria feito lobby com as autoridades aeroportuárias indianas para agilizar o processo alfandegário no aeroporto de Chennai. O objetivo era reduzir o tempo de 30 horas para seis , segundo a fonte.

A Apple vende mais de 220 milhões de iPhones por ano em todo o mundo. A Counterpoint Research estima que, agora, 20% do total de importações de iPhone para os EUA vem da Índia, e o restante continua vindo da China.

Trump aumentou gradualmente as tarifas dos EUA sobre a China, chegando a 125% na quarta-feira, em comparação com os 54% aplicados no primeiro anúncio do tarifaço, na semana passada.

Com o imposto de 54%, o preço de US$ 1.599 do iPhone 16 Pro Max, topo de linha, nos EUA teria subido para US$ 2.300, segundo cálculos baseados em projeções da Rosenblatt Securities.

 

Reação às tarifas

Na Índia, a Apple buscou aumentar em 20% a produção de iPhones na maior fábrica da Foxconn no país, que trabalhou inclusive aos domingos, acrescentou a fonte.

Duas outras fontes diretas confirmaram que a fábrica da Foxconn em Chennai funciona agora aos domingos. A fábrica produziu 20 milhões de iPhones no ano passado, incluindo os modelos mais recentes do iPhone (15 e 16).

À medida que a Apple diversifica sua produção para além da China, ela coloca a Índia em uma posição estratégica. A Foxconn e a Tata, seus dois principais fornecedores no país, têm três fábricas no total, e mais duas estão sendo construídas.

A Apple levou cerca de oito meses para planejar e acelerar o processo alfandegário em Chennai. O governo do primeiro-ministro, Narendra Modi, pediu às autoridades que apoiassem a Apple, disse uma fonte do alto escalão do governo.

As remessas da Foxconn da Índia para os Estados Unidos atingiram US$ 770 milhões em janeiro e US$ 643 milhões em fevereiro, em comparação com a faixa de US$ 110 milhões a US$ 331 milhões nos quatro meses anteriores, segundo dados alfandegários.

Mais de 85% das remessas aéreas de janeiro e fevereiro da Foxconn foram descarregadas em Chicago, Los Angeles, Nova York e São Francisco.

A Foxconn não se manifestou.

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