Estafe do astro recebe consultas de clubes do exterior às vésperas da Copa do Mundo de Clubes, enquanto Peixe faz as contas para quitar dívida de R$ 85 milhões e quer clareza sobre continuidade
O Santos está cético neste começo de conversa em relação à renovação de Neymar. O clube entende ter feito um grande esforço para tê-lo no primeiro semestre no Brasil, custeando um alto salário, com uma contrapartida esportiva abaixo do esperado, e quer um sinal contundente do camisa 10 de que há intenção pela continuidade do projeto.
As conversas já começaram, com reuniões feitas e também marcadas, mas ainda há pouca clareza sobre o futuro. O próprio estafe do jogador entende que tudo ainda está “nebuloso” e vai se desenrolar apenas nas próximas semanas. O contrato atual tem validade até 30 de junho.
Paralelo a isso, o Alvinegro contraiu uma dívida de R$ 85 milhões com a NR Sports pela exploração de imagem do jogador pelos cinco meses acordados no contrato, de fevereiro a junho. A ideia é alongar esse pagamento ao menos até dezembro, sem reajustar o valor na renovação.
A ideia da diretoria santista é aguardar Neymar sinalizar se deseja, de fato, continuar no clube, para só então formular a extensão do projeto e propor o alongamento do pagamento e uma readequação apenas para 2026. Tarefa complexa, que envolve valores altos e setores como o marketing.
Como “trunfo”, o Peixe entende que Neymar atuou em menos jogos do que o esperado e poderá agregar bem mais no segundo semestre. Neymar pai e o presidente Marcelo Teixeira têm boa relação e conversam com frequência sobre o tema, mas o martelo está longe de ser batido.
O Santos entende ter feito tudo o que podia para ter Neymar à vontade em sua casa: um contrato robusto de exploração de imagem com a NR Sports, salário alto, liberdade para execução de projetos dentro do clube, liberdade para reformar e receber convidados na Vila Belmiro, entre outras coisas.
Agora, espera de Neymar boa vontade na direção da renovação. O pai do craque chegou a dizer que o filho veio ao Brasil para “se recuperar, e se jogasse, amém” e também que o risco era deles como estafe. Já o Peixe não entende assim e quer de Neymar um posicionamento claro.
Se ficar, terá de repactuar valores e admitir ter feito um primeiro semestre aquém do esperado. Se sair, terá de lidar com a frustração e irritação da torcida depois de uma possível despedida melancólica, com expulsão na Vila Belmiro por dar um tapa com a mão na bola dentro da área.
Assédio por Mundial
O estafe de Neymar, por sua vez, gostaria de se aprofundar mais na situação financeira do Santos antes de assinar um contrato de um ano, até a Copa do Mundo do ano que vem. Isto é, entender se o clube tem, de fato, condições de arcar com o projeto por mais 12 meses.
Fato que passa, justamente, pela questão dos R$ 85 milhões que ainda não foram pagos. O Alvinegro tem arcado apenas com o salário do atleta, superior aos R$ 4 milhões.
O entorno do jogador também tem convivido com constantes especulações e sondagens para a disputa da Copa do Mundo de Clubes, que começa no fim deste mês. O camisa 10 estaria “pronto” para um torneio desse porte, mas teria de lidar com a ira interna e externa no Peixe.
Afinal, o clube passou cinco meses “roendo o osso” à espera de seu astro e o viu apenas em 12 jogos, sem condições ideais para disputar os jogos mais importantes do ano até aqui: ficou fora da semifinal do Paulistão e entrou só no segundo tempo da decisão da vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil.